Um vídeo que nos faz refletir sobre a importância de enfrentarmos os desafios que a vida nos propõe.
Desejamos força, paciência e empenho para essa nova etapa do Programa Gestar II.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
terça-feira, 7 de abril de 2009
As palavras em minha vida...
Cresci ouvindo o determinismo de que uns eram melhores com números, outros com letras, coincidência ou não sempre me identifiquei com elas... as letras. Hoje, refletindo sobre isso, acredito que foi assim por toda a minha vida.
Iniciei esse contato muito cedo, era motivo de orgulho por já tão pequenininha gostar tanto da cartilha, não tinha medo que me “tomassem” a lição, sabia “de cor” o alfabeto, mesmo se tomado salteado, com o famoso papel com o buraco, onde só aparecia a letra a ser lida.
Já sabia ler antes dos sete anos, aliás, como faço aniversário em junho só tive a minha matrícula efetivada no meio da segunda série, então chamada série primária. A escola era estadual e só permitia a efetivação a partir dos sete anos. Estudava com afinco, pois queria ler como os maiores. Já a tabuada, esse foi o meu martírio, só não apanhei nas sabatinas, que graças ao bom Deus já estavam caindo em desuso, até mesmo por ser pequenina todos tinham pena.
As palavras sempre foram “caras” para mim. Lembro-me que a estante com coleções era reverenciada e meninos não tinham acesso a ela, só quando crescessem. Mas nós tínhamos uma coleção ao nosso alcance, que deixariam surpresos meu filho e meus sobrinhos pela estima que tínhamos a ela. A coleção chamava-se Dentinho de Leite, ainda “ouço” meus irmãos cantando a música e recordo-me quando eu mesma consegui ler sozinha.
Para os meninos que já nascem com livros de contos de fadas esperando por eles, talvez não percebam o que é se tornar leitor com o que lhe cai nas mãos. Contudo, mesmo naquela época não bastava ter acesso aos livros para se tornar leitor. Apesar de não vê-los lendo, meus pais sempre mantiveram em nós a importância dos estudos e dos livros. Mas foi do casal de irmãos mais velhos que acompanhei as leituras. Dele tive disponíveis as revistas em quadrinhos, Conan, o bárbaro, Homem-Aranha ou Super Marvel, em especial o Wolverine. Aos meus nove ou dez anos fiquei chocada pelos sentinelas terem matado meus heróis preferidos, mesmo sendo eles mutantes, alguns resultados de experiências científicas e, claro, não estou me referindo a nenhuma novela.
Cresci mais e ampliei meu repertório, passei a venerar as descrições deliciosas de ambientes, cenas românticas e amores que não eram impossíveis, pelo menos nos romances. Tive de minha irmã a contribuição para descobrir o universo de Júlia, Sabrina e Bianca. As palavras continuaram me seduzindo. Um deles acredito ter lido umas cinco vezes, “Carícias do vento”.
Podem até discutir o valor literário, mas o fato é que foram essas leituras que me estimularam a buscar mais, a manter uma relação cálida com meus livros didáticos, pelo menos com os de Português, lia todos os textos, muitas vezes antes mesmo de minha mãe forrá-los.
Pode-se até pensar que era uma sumidade na disciplina, mas não é o caso, o que me conquistou foram as palavras, que bem engendradas tiravam-me “do ar”. Já fiquei lendo a noite inteira, deixava de almoçar ou ir brincar. Até as tarefas domésticas eram esquecidas quando queria ou quero ler. Sabe quando decidimos que vamos ler somente mais algumas páginas e descobrimos que estamos no meio do livro? É mais ou menos assim.
Certa vez uma colega minha de outra classe me deu os quatro romances que foram adotados na sala dela. Estava indo para casa com eles, quando um rapaz querendo conversar perguntou se estava na recuperação de Português, questionei o motivo, quando ele olhou para minhas mãos. Infelizmente ainda associamos a leitura ao ato obrigatório, com uma finalidade que não é o prazer. Mas como posso dizer que não tive prazer em ler romances da Coleção Vaga lume ou as crônicas da série Para Gostar Ler. Costumávamos olhar na capa os que ainda não tínhamos lido, nunca consegui ler todos, pois comprar livros de literatura era e ainda é luxo para poucos e como éramos sete filhos tínhamos outras prioridades.
No Magistério, o que para muitos era feito por obrigação não tinha o mesmo peso para mim. A Literatura clássica entrou na minha vida tão surpreendente como a Carta de Caminha, tão doce como a Moreninha e com finais tão contrastantes com minhas leituras anteriores como Iracema, Lucíola, Primo Basílio.
Assim como essas, as leituras foram ampliadas e foi inevitável a atração pelo curso de Letras, tornar-me professora era consequência inevitável. Foi positivo para mim, mas também uma grande responsabilidade, pois fui a primeira em casa a entrar para a faculdade. No segundo ano quis fazer concurso público para lecionar no município, só obtive aprovação de minha mãe se isso não atrapalhasse o curso.
O curso de Letras no entanto mostrou-me que não bastava ler, ter prazer não era suficiente para mim enquanto professora. Ler nas entrelinhas e levar o aluno a realizar isso também era a palavra de ordem. Compreender as relações entre os textos, e mais, escrever sobre o que tinha lido. Não apenas para uma avaliação, mas para sistematizarmos o que compreendemos.
Percebo que o estímulo que sugerimos que seja feito com os nossos alunos hoje não está distante dos que recebi. A variedade de textos que tive, e hoje tão disseminada como importante para o trabalho de Língua Portuguesa, permeou a minha vida. Esse incentivo foi fundamental para a minha formação como leitora e profissional.
Agradeço a todos que nesses longos anos sempre tiveram uma palavra ou um olhar de incentivo para mim, em especial para minha estagiária de Língua Portuguesa quando eu cursava o primeiro ano de Magistério que colocou em minha redação: “Parabéns, você tem estilo próprio!".
Iniciei esse contato muito cedo, era motivo de orgulho por já tão pequenininha gostar tanto da cartilha, não tinha medo que me “tomassem” a lição, sabia “de cor” o alfabeto, mesmo se tomado salteado, com o famoso papel com o buraco, onde só aparecia a letra a ser lida.
Já sabia ler antes dos sete anos, aliás, como faço aniversário em junho só tive a minha matrícula efetivada no meio da segunda série, então chamada série primária. A escola era estadual e só permitia a efetivação a partir dos sete anos. Estudava com afinco, pois queria ler como os maiores. Já a tabuada, esse foi o meu martírio, só não apanhei nas sabatinas, que graças ao bom Deus já estavam caindo em desuso, até mesmo por ser pequenina todos tinham pena.
As palavras sempre foram “caras” para mim. Lembro-me que a estante com coleções era reverenciada e meninos não tinham acesso a ela, só quando crescessem. Mas nós tínhamos uma coleção ao nosso alcance, que deixariam surpresos meu filho e meus sobrinhos pela estima que tínhamos a ela. A coleção chamava-se Dentinho de Leite, ainda “ouço” meus irmãos cantando a música e recordo-me quando eu mesma consegui ler sozinha.
Para os meninos que já nascem com livros de contos de fadas esperando por eles, talvez não percebam o que é se tornar leitor com o que lhe cai nas mãos. Contudo, mesmo naquela época não bastava ter acesso aos livros para se tornar leitor. Apesar de não vê-los lendo, meus pais sempre mantiveram em nós a importância dos estudos e dos livros. Mas foi do casal de irmãos mais velhos que acompanhei as leituras. Dele tive disponíveis as revistas em quadrinhos, Conan, o bárbaro, Homem-Aranha ou Super Marvel, em especial o Wolverine. Aos meus nove ou dez anos fiquei chocada pelos sentinelas terem matado meus heróis preferidos, mesmo sendo eles mutantes, alguns resultados de experiências científicas e, claro, não estou me referindo a nenhuma novela.
Cresci mais e ampliei meu repertório, passei a venerar as descrições deliciosas de ambientes, cenas românticas e amores que não eram impossíveis, pelo menos nos romances. Tive de minha irmã a contribuição para descobrir o universo de Júlia, Sabrina e Bianca. As palavras continuaram me seduzindo. Um deles acredito ter lido umas cinco vezes, “Carícias do vento”.
Podem até discutir o valor literário, mas o fato é que foram essas leituras que me estimularam a buscar mais, a manter uma relação cálida com meus livros didáticos, pelo menos com os de Português, lia todos os textos, muitas vezes antes mesmo de minha mãe forrá-los.
Pode-se até pensar que era uma sumidade na disciplina, mas não é o caso, o que me conquistou foram as palavras, que bem engendradas tiravam-me “do ar”. Já fiquei lendo a noite inteira, deixava de almoçar ou ir brincar. Até as tarefas domésticas eram esquecidas quando queria ou quero ler. Sabe quando decidimos que vamos ler somente mais algumas páginas e descobrimos que estamos no meio do livro? É mais ou menos assim.
Certa vez uma colega minha de outra classe me deu os quatro romances que foram adotados na sala dela. Estava indo para casa com eles, quando um rapaz querendo conversar perguntou se estava na recuperação de Português, questionei o motivo, quando ele olhou para minhas mãos. Infelizmente ainda associamos a leitura ao ato obrigatório, com uma finalidade que não é o prazer. Mas como posso dizer que não tive prazer em ler romances da Coleção Vaga lume ou as crônicas da série Para Gostar Ler. Costumávamos olhar na capa os que ainda não tínhamos lido, nunca consegui ler todos, pois comprar livros de literatura era e ainda é luxo para poucos e como éramos sete filhos tínhamos outras prioridades.
No Magistério, o que para muitos era feito por obrigação não tinha o mesmo peso para mim. A Literatura clássica entrou na minha vida tão surpreendente como a Carta de Caminha, tão doce como a Moreninha e com finais tão contrastantes com minhas leituras anteriores como Iracema, Lucíola, Primo Basílio.
Assim como essas, as leituras foram ampliadas e foi inevitável a atração pelo curso de Letras, tornar-me professora era consequência inevitável. Foi positivo para mim, mas também uma grande responsabilidade, pois fui a primeira em casa a entrar para a faculdade. No segundo ano quis fazer concurso público para lecionar no município, só obtive aprovação de minha mãe se isso não atrapalhasse o curso.
O curso de Letras no entanto mostrou-me que não bastava ler, ter prazer não era suficiente para mim enquanto professora. Ler nas entrelinhas e levar o aluno a realizar isso também era a palavra de ordem. Compreender as relações entre os textos, e mais, escrever sobre o que tinha lido. Não apenas para uma avaliação, mas para sistematizarmos o que compreendemos.
Percebo que o estímulo que sugerimos que seja feito com os nossos alunos hoje não está distante dos que recebi. A variedade de textos que tive, e hoje tão disseminada como importante para o trabalho de Língua Portuguesa, permeou a minha vida. Esse incentivo foi fundamental para a minha formação como leitora e profissional.
Agradeço a todos que nesses longos anos sempre tiveram uma palavra ou um olhar de incentivo para mim, em especial para minha estagiária de Língua Portuguesa quando eu cursava o primeiro ano de Magistério que colocou em minha redação: “Parabéns, você tem estilo próprio!".
I Semana de Formação
Gestar II Bahia/Unb
Inevitavelmente acredito que sempre buscamos algo no outro que nos acrescente, acalente, enfim, queremos principalmente que o outro satisfaça nossas expectativas... Como o outro muitas vezes não tem ideia do que se espera dele, a frustração é sempre uma possibilidade e provavelmente tudo vira um desastre, certo? Nesse caso não foi bem assim...
Tivemos expectativas... normal.
O outro não sabia... que pena!
Conversamos... extremamente necessário.
Nos abrimos a mudanças... que bom!
Tivemos expectativas... parte do trabalho.
Isabel, com sensibilidade conseguiu.
Felizmente ou não a semana não foi só isso! A compreensão que cresceríamos mais ouvindo uns aos outros foi ótima. Além de repensar arduamente sobre filipeta e outras questões, penso também hoje no meu comportamento frente a um novo grupo de trabalho. Me armo para ele quando não consigo atender suas expectativas ou junto com ele busco realinhar nossas ações? Parabéns Isabel pela lição que nos deixou. Um abraço e até breve.
Inevitavelmente acredito que sempre buscamos algo no outro que nos acrescente, acalente, enfim, queremos principalmente que o outro satisfaça nossas expectativas... Como o outro muitas vezes não tem ideia do que se espera dele, a frustração é sempre uma possibilidade e provavelmente tudo vira um desastre, certo? Nesse caso não foi bem assim...
Tivemos expectativas... normal.
O outro não sabia... que pena!
Conversamos... extremamente necessário.
Nos abrimos a mudanças... que bom!
Tivemos expectativas... parte do trabalho.
Isabel, com sensibilidade conseguiu.
Felizmente ou não a semana não foi só isso! A compreensão que cresceríamos mais ouvindo uns aos outros foi ótima. Além de repensar arduamente sobre filipeta e outras questões, penso também hoje no meu comportamento frente a um novo grupo de trabalho. Me armo para ele quando não consigo atender suas expectativas ou junto com ele busco realinhar nossas ações? Parabéns Isabel pela lição que nos deixou. Um abraço e até breve.
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